O Bahia empatou com o Botafogo sem gols dentro da Arena Fonte Nova. Após o término da partida, o elenco tricolor foi aplaudido pelos torcedores presentes no estádio e o treinador Rogério Ceni comentou sobre a ação. O técnico ainda falou sobre a postura do Esquadrão no jogo e disse acreditar que o jogo contra os cariocas serviu como um indicativo de que o Bahia está preparado para enfrentar o Flamengo pela Copa do Brasil. A partida acontece nesta quarta-feira (28), a partir das 21h30.
Sobre os aplausos ao final do confronto, Ceni destacou que a ação da torcida veio pelo desempenho mostrado pela equipe no confronto. “O torcedor não aplaude o empate, aplaude a maneira como o time tentou vencer a partida até o final. Foi um jogo equilibrado como um todo, com uma predominância nossa no final. Mas teve uns 15 minutos em que o Botafogo nos apertou. Fizemos algumas trocas e o time melhorou. Tivemos pelo menos três grandes oportunidades no fim do jogo, mas o John fez boas defesas também. O torcedor aplaude nosso comportamento, a tentativa de vencer até o fim. Não coloco empate com sabor de vitória, é empate com sabor de empate mesmo. Seria muito importante vencer e chegar aos 41 pontos, mas temos que reconhecer que enfrentamos uma grande equipe”, disse.
“Jogamos contra eles quatro vezes, e desses jogos, acho que esse foi o que mais merecemos ganhar, tivemos oportunidades reais de gols, mas os três pontos não vieram”, complementou.
Para o treinador, o Bahia saiu de campo contra o Botafogo com um bom aproveitamento nos chutes. “Acho que finalizamos bastante, mais do que a média. Poderíamos talvez caprichar mais, mas a finalização do Arias foi correta, bateu em direção ao gol, no último jogo ele não bate, tenta o cruzamento, vocês devem lembrar dessa jogada. O Thaciano gira rápido e John faz grande defesa e o Lucho bate entre as pernas do zagueiro, e ele faz grande defesa com o corpo. Não vejo como uma falha de finalização, acho que o grande personagem do jogo foi o goleiro do Botafogo”, disse.
Veja outros trechos da entrevista coletiva de Rogério Ceni
Foi o melhor jogo que o Bahia fez na Arena Fonte Nova?
“Acho que não. Fizemos outros grandes jogos aqui, esse é um bom jogo porque o Botafogo é uma equipe muito física, não à toa estavam na liderança e acabaram de vir de classificação na Libertadores. O que nós conseguimos foi prevalecer na parte física na semana em que não fizemos jogos. Eu vejo como um bom jogo que fizemos, não sei avaliar exatamente se foi o melhor, acho que tivemos jogos com mais controle. Mas levando em conta o adversário, foi um grande jogo”.
Forma de Cauly jogar
“Não vejo muita diferença do que nós treinamos com ele, acho que hoje ele deixou de baixar e buscar o jogo. Quem fez isso foi Everton Ribeiro e Jean Lucas, Cauly ficou um pouco mais alto. E ele tem essa característica de tocar sempre de primeira na bola. Eu até falo para ele trabalhar em dois toques, trabalhar um pouco mais para não cometer erros. Mas acho que ele foi cansando no decorrer do jogo, por isso resolvi trocar e colocar dois jogadores mais ofensivos, para o Thaciano e o Ratão chegarem mais por dentro, já que o Cauly flutua muito. O Lucho que tinha a obrigação de atacar esse espaço deixado por Cauly. Mas acho que o Cauly fez um bom jogo hoje, saiu porque a gente tinha que tentar o gol e precisávamos de mais peso na área. O Ratão é bem ofensivo, e o Lucho pesa bastante na área. Perdemos um pouco do meio-campo para construir, mas pelo menos tivemos mais peso na área quando eles cansaram um pouco mais. Mas com três jogadores pelo meio [Everton, Rezende e Jean Lucas] nós conseguimos girar bem o jogo, entrar pelas laterais e criar jogadas. Uma pena não sair com os três pontos”.
Tempo para treinar
“A energia para essa disputa que você fala, e eu concordo, é um time que disputa mais bolas hoje, vem dessas duas semanas sem jogo no meio de semana. Porque quando você vem de jogo atrás de jogo e muitas viagens é difícil manter a energia do time. O Ademir não treinou nos últimos dias e quis acompanhar o nascimento da filha. Eu falei para ele que era o certo a se fazer. Ele voltou a treinar só ontem, e eu não consegui identificar como ele está. Ele ficou 35 dias parado. Como a gente não conseguiu identificar como ele estava realmente, ele treinou ontem, fez pós-treino e hoje também fez algumas coisas para amanhã a gente analisar melhor. Acho que ele estará disponível para a partida e com uma melhor condição física. Já contra o Grêmio, depois de uma semana de treinos, conseguimos ter bastante energia, foi um bom jogo. Quando entra uma sequência de jogos mais longa pesa um pouco para nós, então acho que o que fez a gente ser mais aguerrido hoje foi a semana que tivemos para treinar e trabalhar bem para o jogo”.
Mais sobre o jogo
– Já conhecemos bem o que vamos encontrar contra esse adversário. Os três jogos anteriores foram bons para termos uma base na construção do time, evitar contra-ataque e transição. O Botafogo quando consegue atacar as costas oferece muito perigo. Mas tivemos 15 minutos muito bons e levamos perigo. Era para termos feito um gol. O Lucho é um garoto ainda, é um costume diferente, um clube diferente. Talvez seja o primeiro clube grande em que ele joga. A gente vai se comunicando, até fisicamente ele precisa melhorar mais. Com o tempo ele vai ganhar minutos e entrar em jogos para desempenhar melhor a sua função do que ele entrou naquele primeiro jogo contra o Inter. Requer tempo. O Ratão entrou bem no jogo hoje, entrou com bons passes, ele tem muita força. Construiu boas jogadas de passes combinados, treinei isso com os atletas que não vinham jogando. Surte efeito quando você treina os atletas que não vêm treinando.
Virada de chave na Copa do Brasil
“Eu vou tentar sempre fazer o meu melhor, é o que eu posso falar. Ano passado foi um ano difícil, em que conseguimos permanecer na Primeira Divisão, tentando crescer o trabalho. O que eu vi hoje foi o torcedor feliz, aplaudindo. Foi tentar fazer o meu melhor sempre, independente da competição”.
Bahia entrou na pilha do Botafogo
“Se você quiser entrar nesse jogo de transição do Botafogo você não consegue acompanhá-los. Teve uma bola do Marcos Felipe que foi lançada para Arias, que estava sozinho lá na frente contra cinco jogadores do Botafogo. Eu pedi para o time dar uma respirada, nós não temos as mesmas características do Botafogo. Temos que trabalhar em cima das nossas características, no toque de bola para colocar o time todo no campo de ataque. Não adianta puxar um contra-ataque sem ninguém à frente. Mas isso é muito de escolhas, nós temos um padrão para iniciar as jogadas, mas às vezes temos que fugir um pouco do padrão quando o adversário muda a marcação. É só ter um pouco mais de calma para começar a construção melhor para não ficar no bate-volta. É só uma questão de escolher melhor a maneira de construir e as coberturas, como o único lance que Luiz Henrique faz nas costas de Juba. O que talvez temos que melhorar é o extinto de escolher onde dar o primeiro passe, a hora de acelerar ou segurar. Mas quero ressaltar também o Marcos Felipe, que fez grandes defesas e nos ajudou”.
Sistema defensivo do Bahia
“Não sofrer gols te aproxima muito da vitória, você estará sempre a um gol dos três pontos. Acho que não é só a linha defensiva. Pega o Luiz Henrique, por exemplo. Não é Luiz Henrique contra Juba, é Luiz Henrique contra Juba, Jean Lucas e Thaciano. O sistema ajuda muito a se defender contra pontas que tem um bom mano a mano. Quatro jogos sem sofrer gols te coloca em grandes chances de vencer o jogo, tanto que, apesar de bolas na trave, o goleiro deles também fez grandes defesas e no fim fomos muito superiores”. Correio