A Conferência da Diáspora Africana nas Américas foi encerrada, neste sábado (31), com a leitura de uma carta de recomendações, elaborada por representantes da sociedade civil e entregue à União Africana. A carta é o resultado de três dias de intensos debates e foi construída em torno de quatro eixos centrais: Pan-Africanismo, Memória, Reconstrução, Reparação e Restituição. Ao longo do evento, lideranças negras, pesquisadores e representantes de governos discutiram formas de ampliar o intercâmbio entre os países e fortalecer as propostas abordadas.
O governador Jerônimo Rodrigues participou do encerramento do evento, ao lado dos ministros Silvio Almeida (Direitos Humanos e da Cidadania), Anielle Franco (Igualdade Racial), Mauro Vieira (Relações Internacionais) e Margareth Menezes (Cultura). Diversas autoridades também marcaram presença, ressaltando os avanços alcançados e as perspectivas para fortalecer as políticas de reparação e os laços entre as Américas e a África.
Para o chefe do Executivo baiano, a conferência se destaca como mais uma oportunidade da Bahia estar alinhada com as políticas públicas elaboradas pelo Governo Federal. “É um momento de união e como o presidente Lula nomeou seus quatro anos de governo como a missão de criar a unidade no Brasil, mas também que esta união possa servir para nós reconstruirmos os nossos conceitos, as políticas públicas. Portanto a Bahia se sente lisonjeada em estar sediando esse evento”, ressaltou Jerônimo.
A ministra Anielle Franco destacou a importância da carta para o avanço das políticas de reparação. “Encerramos o evento com a entrega da carta de recomendações, que sintetiza as propostas discutidas ao longo desses três dias. Este documento servirá como um guia para as próximas ações e será fundamental no 9º Congresso Pan-Africano, que acontecerá em Togo, de 29 de outubro a 2 de novembro de 2024,” afirmou a ministra.
A Carta de Recomendações apresenta propostas focadas na promoção de políticas de reparação e justiça social, destacando a restituição de bens culturais e a preservação da memória afrodescendente. Entre as diretrizes principais estão o fortalecimento do Pan-Africanismo, a ampliação do intercâmbio entre as nações da diáspora e o apoio mútuo na reconstrução de sociedades afetadas por séculos de colonialismo e escravidão.
Cerca de 50 países enviaram delegações para o evento, com representações de Angola, África do Sul, Argentina, Bahamas, Camarões, Colômbia, Costa do Marfim, Cuba, Estados Unidos, Gana, Haiti, Honduras, São Tomé e Príncipe, Sudão do Sul, Namíbia e Togo.
O embaixador do Benin no Brasil, Boniface Vignon, expressou satisfação com os resultados da conferência: “Os debates foram profundamente enriquecedores e revelaram um compromisso sério com as questões de reparação e justiça social. A interação entre os participantes e as propostas formuladas demonstram um avanço significativo na construção de pontes entre o Brasil e a África. É encorajador ver a mobilização de tantos atores para enfrentar as injustiças históricas e promover um futuro mais igualitário.”