
A Ilha de Boipeba, reconhecida por suas praias deslumbrantes e eleita uma das mais belas da América do Sul, enfrenta um cenário de violência em meio à disputa territorial entre as facções criminosas Bonde do Maluco (BDM) e Comando Vermelho (CV). No último dia 30, três homens foram assassinados em Moreré, a cerca de 6 km da Vila de Boipeba, resultado de um conflito ligado ao tráfico de drogas.
As vítimas foram identificadas como Luciano da Conceição Santos, de 21 anos, Wellington da Silva e Silva, de 27, e Marcos Souza de Jesus, de 37. Segundo moradores, o ataque foi uma retaliação à morte de Vinícius Lopes da Silva, de 20 anos, executado horas antes em Valença, a 120 km da ilha. De acordo com relatos, Vinícius estaria associado ao BDM e foi morto após ser localizado em território do CV por meio de redes sociais.
Conforme fontes ouvidas pelo Jornal Correio, a chegada do CV à região foi impulsionada por uma aliança com a facção Katiara durante a pandemia.
“O CV está mais forte e vem tomando áreas do BDM”, detalhou um morador local.
A intensificação do turismo também é apontada como um dos fatores que ampliaram a demanda por drogas na região. O coronel Antônio Jorge, especialista em Segurança Pública, explica que o tráfico cresce onde há procura, especialmente em localidades turísticas.
“Então, se determinada localidade está, a partir do incremento do turismo, gerando um aumento do tráfico de droga, é porque houve um crescimento da procura, principalmente nessas localidades, onde existe o turismo voltado para festas. Isso já é observado em vários lugares do mundo”, afirmou.
Medidas de segurança reforçadas
Após os assassinatos, a Polícia Militar reforçou a segurança em Boipeba com ações da Operação Verão e o envio de quadriciclos para patrulhamento. O major Rodrigo Chaves, comandante da 33ª CIPM de Valença, garantiu que a situação está sob controle e que o policiamento será intensificado durante a alta temporada turística.
O prefeito de Cairu, Hildécio Meireles, apelou ao governo estadual por maior atenção à segurança na região.
“Não cabe ao município ir para o confronto, porque segurança pública é de responsabilidade do governo do estado. A gente dá apoio logístico aos policiais, com transporte, alimentação. O tráfico se espalhou para a Bahia inteira, não é algo exclusivo da nossa cidade. O que nos cabe é melhorar a educação e políticas públicas, ações de longo prazo”, declarou Meireles.