
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), se reuniu com representantes das empresas chinesas responsáveis pela construção da Ponte Salvador-Itaparica, durante viagem oficial à China. Segundo o gestor, três principais demandas foram apresentadas pelo consórcio para que a obra possa finalmente sair do papel: carta branca para revisão contratual após sondagens identificarem uma rocha mole, o que pode elevar o custo da obra, liberação de vistos para engenheiros chineses e novo aporte de R$ 1,5 bilhão do Banco do Nordeste.
A pauta surpreendeu, já que em fevereiro o governo baiano firmou um termo aditivo com o consórcio, em acordo mediado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). No entanto, durante os dois encontros com os chineses, realizados em solo chinês, os impasses foram superados. “Devolveu o otimismo”, afirmou Jerônimo.
1ª exigência: custo pode aumentar por causa de rocha mole
A primeira questão técnica envolve o solo marinho na Baía de Todos-os-Santos. Entre o segundo semestre de 2024 e o início de 2025, sondagens identificaram a presença de uma rocha considerada “excessivamente maleável”, o que pode elevar o custo da obra.
“Eles estavam preocupados porque encontraram, na sondagem, uma rocha mole, que faria gastar mais. Eles perguntaram: se for uma rocha muito mole e eu tiver que gastar mais, vai ser corrigido? Claro que sim”, disse Jerônimo ao Portal A TARDE nesta terça-feira (20). Ele garantiu que o contrato prevê revisão de valores em caso de imprevistos geológicos.
2ª exigência: agilidade na concessão de vistos
Outro ponto levantado foi a burocracia enfrentada por engenheiros chineses para obter visto de trabalho no Brasil. O consórcio cobrou celeridade no processo, que atualmente enfrenta filas longas e entraves diplomáticos.
“Eles pedem agilidade no visto para os engenheiros chineses virem, porque a fila está muito grande”, explicou o governador.
Atualmente, o Brasil exige visto para cidadãos chineses, mesmo em viagens de trabalho. Após a concessão, os profissionais podem permanecer por até 10 anos no território brasileiro.
3ª exigência: novo aporte de R$ 1,5 bilhão do Banco do Nordeste
A terceira solicitação foi de ordem financeira. Segundo Jerônimo, os chineses solicitaram um aumento no financiamento da obra por parte do Banco do Nordeste (BNB), que já aportou R$ 3 bilhões. O consórcio deseja mais R$ 1,5 bilhão para garantir o início das atividades de construção.
“Eles pedem apoio no sentido de mais investimentos do Banco do Nordeste. O Banco do Nordeste botou R$ 3 bilhões. Eles querem mais R$ 1,5 bilhão, para poder dar a arrancada na ponte”, disse o governador.
Ainda durante a viagem, Jerônimo articulou uma reunião entre os representantes do BNB e os executivos chineses. O encontro, inicialmente marcado para a última terça-feira (20), foi adiado para o próximo mês.
Além disso, o governo da Bahia abriu uma nova frente de negociação com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o chamado Banco do BRICS, com sede em Xangai e presidido por Dilma Rousseff.
“Hoje, de manhã, com Dilma, eu botei na mesa. Perguntei se ela tinha como receber essas empresas e analisar se tem condições de aportar mais R$ 1,5 bilhão. Ela disse que pode mandar procurá-la, que ela vai analisar”, revelou o governador.