Só em 2023, 116 armas foram apreendidas na Bahia pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O dado, obtido pela reportagem nesta terça-feira (5), revela que pistolas (46) e revólveres (39) foram os principais tipos de armas apreendidos no estado, seguindo o histórico de anos anteriores. O número, apesar de não ser representativo do ano inteiro, também apresenta a manutenção da tendência de queda na quantidade total de apreensões de armas.
Em 2020, a PRF na Bahia bateu o recorde no número de armas de fogo apreendidas em rodovias federais de todo o Brasil. Em novembro daquele ano, policiais rodoviários federais abordaram, na BR-116, em Vitória da Conquista, um ônibus que fazia a linha São Paulo-SP para Serrinha-BA. No veículo, foram encontradas 23 pistolas calibre 9mm com numeração raspada, 70 carregadores de pistola, dois fuzis calibre 556 (com indícios de adulteração na numeração), seis carregadores de fuzil e uma munição calibre 9mm. Todo esse arsenal estava dentro de uma mochila e uma bolsa que estavam em posse de dois homens.
Após essa apreensão, a Polícia Federal da Bahia iniciou uma investigação que resultou na deflagração da Operação Dakova, responsável por desvendar um esquema bilionário de tráfico ilícito de armas de fogo da Europa para a América do Sul, que, segundo estimativas, movimentou mais de R$1,2 bilhão nos últimos três anos e promoveu a importação de 43 mil armas.
Em 2021, 182 armas foram apreendidas pela PRF na Bahia e, em 2022, esse número caiu para 165. A tendência de queda, os municípios na Bahia onde mais armas costumam ser apreendidas e mais informações acerca da investigação que leva os agentes a chegarem até as armas ilegais não puderam ser explicadas pela PRF na Bahia. Procurada pelo CORREIO, a pasta afirmou que não pode fornecer informações para não atrapalhar a operação em curso da Polícia Federal.
De acordo com Horácio Hastenreiter, professor e coordenador de uma das turmas de Mestrado em Segurança Pública, Justiça e Cidadania da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (Ufba), as cidades mais próximas do litoral baiano, como Salvador e Ilhéus, desempenham uma função importante na distribuição de armas para outros locais dentro e fora do estado.
“As escolhas são racionais. Onde os traficantes encontram mais facilidades e vulnerabilidades, eles escolhem como destino-chave e importante para esse processo distributivo. As grandes cidades portuárias, como Salvador e Ilhéus, são exemplos disso”, afirma. Correio