A empresária judia Herta Breslauer, dona da loja de produtos místicos, foi alvo de um ataque racista e xenofóbico dentro do seu estabelecimento comercial na sexta-feira (2), em Arraial D’Ajuda, distrito de Porto Seguro, no extremo sul do estado.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra parte do ataque. Transtornada, a mulher chega a ser contida por um homem desconhecido. Na situação, vários produtos da loja acabam sendo danificados.
“O que você está fazendo? você está estragando a minha loja. Para com isso”, diz Herta na gravação. Outros dois homens ajudam a tirar a mulher de dentro da loja, mas ela segue com as ofensas e ameaças enquanto é arrastada para fora: “Maldita sionista, eu vou te pegar”. Na saída, a agressora ainda destrói outros itens do estabelecimento.
“Olha o que uma antissemita acabou de fazer na minha loja. Estou tremendo. Ela entrou na minha loja gritando e me chamando de assassina de crianças”, lamenta a comerciante no vídeo. No final das imagens é possível ver pessoas alertando para a empresária fechar a loja, pois a mulher ainda está por perto.
Segundo a advogada Lilia Frankental, que representa Herta Breslauer, essa é a primeira vez que a loja é alvo de um ataque. Herta mora em Arraial D’Ajuda há 14 anos. A agressora também é moradora da cidade.
“Está todo mundo com medo lá. O antissemitismo é crime e é um absurdo alguém entrar no seu local de trabalho, te dar um tapa cara e dizer que você é assassina. Isso não existe”, diz a defensora. “Não é só Herta que está assustada. A comunidade toda está assustada. A agressora é conhecida lá e tem um monte de testemunhas”, completa.
Lilia Frankental informou que já entrou com um pedido de representação e que a vítima já registrou um boletim de ocorrência.
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Sociedade Israelita da Bahia lamentaram e denunciaram agressão antissemita – termo utilizado para designar o preconceito xenofóbico contra povos de origem semita, em especial os judeus.
“Uma agressão covarde, antissemita, que deve ser investigada como crime de ódio e seguir o seu devido processo legal. A Conib vem pedindo moderação e equilíbrio às nossas lideranças para não importarmos o trágico conflito em curso no Oriente Médio. O antissemitismo deve ser condenado por todos, e sua explosão nos últimos meses aqui no Brasil e no mundo é consequência de visões odiosas e distorcidas sobre Israel e judeus manifestados por personalidades e distribuídas pelas redes sociais. Isso precisa acabar para evitarmos consequências ainda mais graves”, diz o texto. Correio