No acidente, Adriana sofreu múltiplas fraturas, perdeu quase todos os dentes, boa parte do nariz e ficou com cortes profundos distribuídos por todo o rosto. Ela chegou a entrar com pedidos para fazer as cirurgias reparadoras pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas sabia que a fila era lenta.
A estudante iniciou uma campanha on-line para arrecadar fundos e pagar os procedimentos, que foram orçados em mais de R$ 200 mil, mas a vaquinha avançou lentamente e ela não estava nem perto de conseguir o necessário para as cirurgias.
Foi quando o cirurgião plástico Leandro Aguiar, que atua em Goiânia (GO), soube do caso de Adriana e decidiu doar todas as cirurgias reconstrutivas. Ele também buscou parceiros para realizar os procedimentos necessários.
“Corri atrás de todas as maneiras que podia, mas Deus colocou o doutor Leandro no meu caminho. Ele é meu anjo aqui na Terra”, resume Adriana.
O médico programou a cirurgia da estudante em etapas. As quatro primeiras foram realizadas desde março, com etapas aproximadamente a cada 15 dias. O último procedimento foi realizado em 21 de maio.
“O caso dela é especial não só pelo ganho estético, mas porque ela estava com o nariz obstruído, sem conseguir fechar a boca bem. Meu objetivo era deixar ela com uma qualidade de vida melhor e me alegra saber que estamos conseguindo”, explica o médico.
Como foram feitas as cirurgias?
No primeiro procedimento, Aguiar colocou um expansor de tecido na testa de Adriana, uma espécie de balão que vai sendo injetado com soro e que estimula a formação de mais pele. O tecido foi usado na segunda cirurgia para reconstruir o lábio, o nariz e a pálpebra da paciente. O nariz foi reparado com uma cartilagem das costelas.
Na terceira cirurgia, o extra de pele da testa foi dobrado sobre o nariz. Esta pele precisa se manter oxigenada e com circulação sanguínea — por isso, é preciso que ela se mantenha ligada simultaneamente ao nariz e à testa, em uma espécie de ponte que só foi separada no quarto procedimento.
Além disso, na quarta cirurgia o nariz foi refinado e enxertos de ossos foram colocados no maxilar e em pequenos pontos do rosto para reparar a estrutura da face. “Daqui a seis meses, quando esses ossos já estiverem integrados ao rosto, começa o processo de colocação das próteses dentárias”, conta o médico.
A retomada da autoestima
Para fazer os procedimentos, Adriana passou a viajar com frequência a Goiânia e diz que as viagens são sempre um momento de felicidade e gratidão. “Na estrada, sempre me sinto muito grata e na expectativa de estar avançando na caminhada do meu tratamento. Estou feliz por reconstruir meu rosto novamente”, celebra.
A paraense garante que nunca se deixou abater pelo acidente — “Sou de uma família de mulheres muito fortes”, diz ela —, e que o processo de reconstrução facial também a permitiu recuperar sua vaidade.
“Me acho linda. Sou uma mãe, uma mulher linda. Acredito que vou ter minha vida social novamente. O rosto da forma que Deus criou, entendo que não vou ter, mas ver o resultado das minhas cirurgias e como isso está transformando meu rosto e minha história me deixa muito grata”, conclui ela.