A Rede de Observatórios da Segurança, projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), divulgou nesta quarta-feira (6), o boletim “Elas vivem: liberdade de ser e viver”, que destaca o panorama das violências contra as mulheres no território baiano e em outros estados. A Bahia lidera o ranking de estados analisados.
De acordo com informações, o Cesec analisou os estados do Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Ao todo, 129 mulheres foram vítimas de homicídio em território baiano ao longo do ano de 2023.
Dentre o número de homicídios na Bahia, 70 deles foram registrados como feminicídio, ou seja, advém de doméstica ou discriminação de gênero. No ranking, a Bahia ficou abaixo dos índices de São Paulo (174), Rio de Janeiro (99) e Pernambuco (92), nesse quesito.
Em entrevista ao G1, a assistente social Larissa Neves, pesquisadora e uma das autoras do estudo, informou que os dados de homicídios refletem as barreiras para esclarecer os casos e na tipificação jurídica de crimes contra mulheres.
“Por exemplo, no ano de 2023, houve muitas mortes sem esclarecimentos. Foram corpos de mulheres encontrados em BRs, BAs… em locais abandonados e que, com a divulgação dessas notícias, não vieram mais dados sobre o processo investigativo. Então, a gente se questiona até se, de fato, foi homicídio ou se não houve um outro caráter por detrás dessa morte”, avalia a pesquisadora.
A Cesec usa a veiculação na mídia como ponto de partida da coleta de informações. Compila e registra de violência e segurança feitos em sites, jornais e redes sociais, entre outros meios, para posterior análise e revisão.
“Esse monitoramento tem o intuito de permitir que os crimes que possuem evidência, mas não só tipificados pela polícia como violência contra mulheres possam ser nomeados corretamente. Dessa forma, a gente tenta reduzir a subnotificação comum a esses casos e produzir análises mais seguras sobre o que ocorre na realidade, complementando e enriquecendo os dados oficiais”