No penúltimo dia do Carnaval de Salvador, o Conselho Tutelar segue atuando de forma ininterrupta para garantir a proteção de crianças e adolescentes nos circuitos da folia. Em entrevista exclusiva à Rádio Recôncavo, os conselheiros Samile Souza e Fábio Pereira detalharam as principais ocorrências e desafios enfrentados durante a festa.
Atuação 24 horas e pontos de apoio
Com nove postos de atendimento distribuídos pela cidade, o Conselho Tutelar trabalha em parceria com a Polícia Militar e outros órgãos para atender denúncias de violações de direitos. Entre os principais casos identificados, a exploração do trabalho infantil é uma das maiores preocupações.
“Temos encontrado crianças dormindo em caixas de isopor, expostas ao sol escaldante e ao som alto dos trios elétricos. Em muitos casos, os pais são ambulantes e acabam levando os filhos para o circuito do Carnaval em condições precárias”, destacou Samile Souza.
Casos alarmantes e desafios
Um dos episódios mais chocantes foi o de uma adolescente de apenas 13 anos, grávida, trabalhando na corda de um bloco. Outro caso envolveu uma criança abandonada após a mãe, usuária de drogas, passar mal no circuito da folia.
A atuação do Conselho Tutelar enfrenta dificuldades, como locomoção limitada devido ao grande fluxo de foliões, falta de estrutura adequada em algumas sedes e precariedade nos equipamentos disponíveis.
“Hoje temos 120 conselheiros distribuídos na cidade, mas alguns ainda trabalham sem sede fixa e com recursos insuficientes. Precisamos de melhores condições para oferecer um atendimento digno às crianças e adolescentes que necessitam de proteção”, afirmou Fábio Pereira.
Denúncias e medidas de proteção
A população pode denunciar violações pelo Disque 100 ou procurar um dos postos do Conselho Tutelar espalhados pela cidade. Em casos de abuso ou exploração sexual, os conselheiros encaminham as vítimas para a Delegacia Especializada da Criança e do Adolescente (DERCA), que conduz as investigações e responsabiliza os envolvidos.
Para o Conselho Tutelar, o apoio da sociedade e da imprensa é fundamental para garantir a segurança das crianças e adolescentes. “É dever de todos – família, Estado e sociedade – zelar pela proteção dos menores. Precisamos estar atentos e denunciar qualquer tipo de violação”, concluiu Fábio Pereira.
Fonte: Sandro Almeida, Recôncavo FM
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