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“Criança não se prostitui. Ela é vítima da exploração sexual”, alerta conselheiro tutelar sobre o aumento de casos de abuso infantil em SAJ

Conselheiro tutelar, Lauro Souza – Foto: Instagram

Durante audiência pública realizada em Santo Antônio de Jesus para debater o enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes, o conselheiro tutelar Lauro Souza fez um apelo contundente à sociedade e às autoridades. Em sua fala, ele destacou a gravidade dos casos de abuso e exploração sexual infantil, especialmente no ambiente familiar, e defendeu mais estrutura para o funcionamento do Conselho Tutelar no município.

“Foi um momento muito especial, onde a gente, enquanto representantes da sociedade adulta e da rede de proteção, discute essa situação extremamente complexa que é a violência sexual que acontece com crianças e adolescentes”, afirmou o conselheiro.

Lauro Souza explicou a diferença entre abuso sexual — quando um adulto utiliza o corpo da criança para obter prazer — e exploração sexual, caracterizada pela comercialização do corpo infantil. “Criança não se prostitui. Ela é vítima da exploração sexual”, enfatizou.

A experiência diária no Conselho Tutelar levou o conselheiro a relatar casos que marcaram a audiência. Ele alertou para o fato de que a maioria das vítimas são meninas, muitas vezes com menos de seis anos, que não têm meios de verbalizar a violência sofrida.

“É preciso empoderar a criança como pessoa humana. Dizer a ela: você tem o mesmo valor que um adulto. Se alguém te fizer mal, a culpa nunca é sua”, afirmou.

Durante ações educativas em escolas, Lauro orienta as crianças a relatarem qualquer tipo de violência, seja para um professor, merendeira, porteiro ou funcionário da limpeza, garantindo que a denúncia chegará ao Conselho.

O conselheiro reforçou que o canal de denúncias é seguro e garante o anonimato de quem reporta os casos. “A gente não fala se foi homem, se foi mulher, nem deixa escapar nenhum detalhe que identifique quem fez a denúncia. Nosso foco é proteger a vítima e responsabilizar o agressor.”

As denúncias podem ser feitas pelo WhatsApp no número (75) 98114-3666 ou presencialmente na sede do Conselho Tutelar, localizada na Rua Valdemar Pinto de Queiroz, ao lado da Drogaria do Povo, próxima ao Clube do 100, em Santo Antônio de Jesus.

“Estamos lá, sorrindo para aliviar sua dor, dividir o fardo da sua tristeza e encarar a verdade”, completou Lauro Souza.

Segundo o conselheiro, a atual estrutura do Conselho Tutelar é insuficiente para atender uma cidade com mais de 110 mil habitantes. Hoje, apenas cinco profissionais atuam no órgão.

“Não somos Deus. Temos corpo físico e limitações. A cidade precisa acordar e criar mais conselhos tutelares. Não conseguimos estar em todos os lugares ao mesmo tempo”, desabafou.

Ele relatou que, em diversas situações, vai atender uma denúncia e se depara com outras novas no mesmo local, evidenciando o volume de demandas reprimidas e a urgência de reforçar a rede de proteção.