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Em CPI, empresário diz que rebaixou 42 times e lucrou R$ 300 milhões com manipulação de resultados

CPI

O empresário William Rogatto, réu confesso, afirmou na terça-feira (08) durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, que coordenou um esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro que causou o rebaixamento de 42 clubes. Rogatto revelou que, em 15 anos de atuação, o esquema resultou em lucros de aproximadamente R$ 300 milhões, afetando clubes em todo o território nacional e até em nove países, como a Colômbia.

O depoimento, feito por videoconferência, revelou que Rogatto atuava desde 2009 e que o esquema envolvia não só jogadores, mas também árbitros, presidentes de clubes, além de figuras da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e das federações estaduais. Ele declarou: “A hipocrisia maior do mundo está em ter um clube de futebol hoje e ser patrocinado por uma casa de aposta.” Segundo Rogatto, essa relação com as casas de aposta facilita a manipulação de resultados.

Rogatto também detalhou que o esquema era sustentado por acordos feitos diretamente com presidentes de clubes. Ele relata que “pagava para colocar os meus atletas” e que, dessa forma, os clubes “beneficiavam minhas apostas”. Em suas palavras, o negócio evoluiu devido à “ganância” e atraiu centenas de investidores.

O senador Romário (PL-RJ), relator da CPI, sugeriu que Rogatto buscasse uma delação premiada, mas ele recusou a possibilidade, alegando receber ameaças frequentes de pessoas envolvidas no esquema, além de não se sentir seguro o suficiente para colaborar com as investigações. Segundo ele, “o futebol é muito mais do que pensamos”, e muitos dos participantes “sabem o que está acontecendo”, mas poucos se dispõem a falar sobre o tema.

Atualmente, Rogatto é alvo das operações Fim de Jogo e Jogada Ensaiada, conduzidas pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e pela Polícia Federal. A preocupação do empresário também envolve o impacto emocional que a manipulação de resultados tem sobre os torcedores, afirmando que “o torcedor sofre pelo time e mal sabe do que acontece”.

Ainda no depoimento, Rogatto destacou que muitos jogadores de alto escalão participam do esquema, e que, ao serem revelados, seus nomes poderiam surpreender a opinião pública. Segundo ele, “tem jogadores que, no dia em que eu falar para você, você vai falar ‘eu não acredito nisso’”.

O depoimento de William Rogatto reforça as suspeitas sobre a prática de manipulação de resultados no futebol brasileiro e demonstra a complexidade e o alcance do esquema, que segue sendo investigado.