A influencer cristã Michele Dias Abreu provocou polêmica nas redes sociais ao publicar um vídeo em que culpa as religiões de matrizes africanas pelas inundações que atingiram o Rio Grande do Sul. Em seu discurso, ela afirma que a “ira de Deus” caiu sobre o estado devido à “macumba” praticada na região.
Em seu perfil no Instagram, Michele associou as enchentes à fé: “O que está acontecendo no Rio Grande do Sul: Deus está descendo com sua ira total. Eu não sei se vocês sabem, mas o estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com o maior número de terreiros de macumba, mais do que a Bahia”, declarou a influencer.
Em seguida, ela alertou para as supostas consequências do desrespeito ao que considera sagrado: “Eu estava vendo ontem e em algumas igrejas alguns profetas já estavam anunciando em janeiro, fevereiro, sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul devido a ira de Deus mesmo”, garantiu Michele.
A influencer prosseguiu insinuando que as pessoas estariam “brincando com fogo”: “Deus é santo, não há um Deus maior do que ele e aí as pessoas estão abusando disso. Vocês podem ter certeza que Deus não divide a sua honra com ninguém e isso vai ter consequências, está tendo consequências”, completou.
O discurso de Michele repercutiu negativamente nas redes sociais, com diversos internautas criticando suas falas. “É uma mistura de fantasia, desinformação, xenofobia e intolerância religiosa. Nojo desse tipo de gente. Eu não tenho insta, mas vale uma denúncia”, escreveu uma usuária no X, antigo Twitter, compartilhando o vídeo da influencer. Diante da repercussão negativa, Michele privou sua conta no Instagram.
As falas de Michele Dias Abreu geraram diversas críticas por parte de internautas e entidades que defendem a liberdade religiosa. O Coletivo de Entidades Negras (CEN) repudiou as declarações da influencer, classificando-as como “intolerantes” e “racistas”. “É inadmissível que uma pessoa pública faça ataques generalizados a religiões afro-brasileiras, responsabilizando-as por desastres naturais”, afirmou o CEN em nota oficial.
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CNIC) também se manifestou contra o discurso de Michele, destacando a importância do respeito à diversidade religiosa. “É fundamental que os líderes religiosos combatam a intolerância e promovam o diálogo inter-religioso”, declarou o presidente do CNIC, Dom Waldemar Marchiori.