O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou reunião nesta quinta-feira (3) com ministros para discutir o caso de explosão de apostas esportivas no país -as bets, após relatório do Banco Central apontar que, somente em agosto, pessoas atendidas pelo Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões nessas plataformas por meio do Pix.
Participarão da reunião com Lula, marcada para as 15h no Planalto, integrantes de ao menos seis ministérios: Desenvolvimento Social, Saúde, Esportes, Fazenda, Advocacia-Geral da União e Casa Civil. Inicialmente, deveria ter ocorrido na quarta-feira, mas foi adiado após a pane no avião de Lula, em retorno do México.
O ministro André Fufuca (Esportes) teve de cancelar suas férias para retornar para Brasília e participar da reunião. Ele estava em campanha eleitoral, no Maranhão.
Era para o presidente ter chegado na noite de terça-feira, mas a aeronave apresentou um problema e teve de ficar cinco horas sobrevoando a Cidade do México, antes de pousar. O presidente deixou a capital mexicana em outro avião e passou a quarta-feira em casa.
O presidente Lula demonstrou indignação a auxiliares, na semana passada, em Nova York, ao se deparar com a notícia do impacto das bets nas contas da população mais pobres e alta de endividamento. Ele já cobrou de seu governo a edição, com urgência, de medidas para reverter esse cenário.
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, disse à Folha que Lula pediu “urgentes providências” sobre o tema. A pasta é responsável pelo programa.
Uma das alternativas na mesa é vetar para as bets o cartão do Bolsa Família, que pode ser usado para compras no débito e outras movimentações, como saque do benefício, segundo o ministro.
O monitoramento por CPF está previsto na regulação do setor no Brasil. “Você vai ter CPF por CPF de quem está apostando, tudo sigiloso, mas ele vai abrir essa conta. Vamos poder ter um sistema de alerta em relação às pessoas que estão revelando uma certa dependência psicológica do jogo”, detalhou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quarta-feira (25).
Outra alternativa na mesa seria fazer o controle por meio do CadÚnico, cadastro de beneficiários, ao qual só o governo tem acesso. A ideia seria avaliar quem está gastando com bets, e então suspender o CPF ou trocar o benefício de titularidade.
Essa possibilidade poderia expor menos quem recebe o Bolsa Família, mas está em estudo assim como as demais.
Há uma ala do governo que fala em uma regulação mais ampla e não apenas focada nos beneficiários. A ideia seria tentar diminuir os efeitos nocivos do vício no jogo em todos, não apenas nos mais pobres.
Além disso, o ministro Fernando Haddad afirmou na terça-feira (1º) que é urgente tomar providências para restringir a publicidade dessas plataformas na televisão e em outros meios de comunicação.
A questão das bets foi discutida nesta terça pelo chefe da equipe econômica em uma reunião com representantes do Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária) e da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e da AIR (Associação Internacional de Radiodifusão).