O presidente Lula (PT) se reuniu na manhã desta segunda-feira (8) com a secretária de Relações Internacionais de São Paulo, Marta Suplicy, em mais um movimento para que a ex-ministra volte para o PT e ocupe a vice de Guilherme Boulos (PSOL) nas eleições deste ano.
Além da ex-ministra e do marido, Márcio Toledo, o encontro foi acompanhado pelo deputado federal, Rui Falcão (PT-SP), que tem atuado como um dos articuladores dessa reaproximação.
Após o encontro, o parlamentar disse a jornalistas no Palácio do Planalto que a conversa era sobre a volta de Marta ao partido.
“Acho que o objetivo da conversa dele [do Lula] era esse [convite para ela voltar ao PT]. Vocês mesmo têm noticiado que ela poderia”, afirmou.
Questionado sobre se está confiante com a costura, Rui Falcão disse: “Vê até pelo meu sorriso, que que vocês acham?”.
O movimento político é delicado porque Marta é secretária de Relações Internacionais da gestão Ricardo Nunes (MDB) na prefeitura e, a princípio, iria apoiar a reeleição do prefeito, que é o principal rival de Boulos na eleição.
No dia 22 de dezembro, Lula já havia feito um movimento ao telefonar para a ex-prefeita de São Paulo.
Segundo aliados, Lula entrou em contato com Marta para lhe desejar um feliz Natal. Aproveitou a oportunidade, entretanto, para manifestar o desejo de que ela se filie ao PT e integre a chapa de Boulos na corrida pela Prefeitura de São Paulo.
O presidente também a convidou para participar da solenidade em defesa da democracia, devido ao aniversário dos ataques do 8/1.
Após essa conversa com Lula, Marta deverá ter seu primeiro encontro com Boulos. Petistas projetam que a presença da ex-prefeita no palanque do candidato do PSOL garantiria um crescimento expressivo na largada da corrida municipal.
Integrantes do governo Lula se dizem otimistas quanto ao sucesso da articulação e afirmam que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) propiciou o ambiente para a saída de Marta de seu governo ao divulgar um vídeo em que pede apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à sua candidatura à reeleição.
A manifestação do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em favor de uma aliança com Nunes também serviria de justificativa para um retorno de Marta ao PT.
Em novembro, antes de embarcar para o exterior, Lula delegou a aliados a missão de reabertura de canais de diálogo com sua ex-ministra. De volta ao Brasil, o próprio presidente manifestou a colaboradores sua disposição de trabalhar por uma aliança entre Marta e Boulos.
Na reunião ministerial do mês passado, Lula deu sinais de que pretende trabalhar pela retirada da candidatura da deputada Tabata Amaral (PSB) à prefeitura, ao afirmar que não haveria chances de ele e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), estarem em palanques opostos na sucessão municipal em São Paulo.
Marta foi um dos principais nomes do PT, tendo sido eleita prefeita de São Paulo em 2000. Ela acabou sendo derrotada por José Serra (PSDB) na tentativa de se reeleger, em 2004. Disputou o comando da capital paulista outras duas vezes, em 2008 e 2016, mas não conseguiu se eleger.
Após ter sido ministra do Turismo no segundo mandato de Lula na Presidência, se eleger para o Senado em 2010 e ser ministra da Cultura do primeiro mandato de Dilma Rousseff, rompeu com o PT e deixou a sigla em 2015.
Marta passou pelo MDB e Solidariedade e está, atualmente, sem partido.
Ela se reaproximou de Lula e do PT a partir de 2019 e, na campanha de 2022 chegou a ser cogitada para a vice do na chapa presidencial do petista, antes da bem-sucedida articulação com Alckmin. No segundo turno, atuou para consumação do apoio de Simone Tebet a Lula.