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Opinião: Se for “empurrado” para Petrobras, Rui não descarta ser candidato a prefeito de Salvador

Foto: Ricardo Stuckert/ Palácio do Planalto

Citado com frequência como um dos peões que deve perder um assento na Esplanada dos Ministérios, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, já tem uma espécie de plano B caso a ala do PT liderada por Gleisi Hoffmann o empurre para presidir a Petrobras: ser candidato a prefeito de Salvador já em 2024. É uma hipótese embrionária e depende de uma série de fatores. Todavia, Rui sabe que é melhor tentar ser prefeito da capital baiana do que cair no ostracismo político como alguns “muy amigos” desejam para ele.

 

O estilo gerentão do ex-governador baiano rendeu críticas e fogo amigo desde que ele assumiu a Casa Civil de Luiz Inácio Lula da Silva. Responsável por tentar ser “maestro” em um governo repleto de caciques, Rui desagradou muitos e perdeu batalhas relevantes, especialmente na pauta econômica do governo. Fernando Haddad, além de ser o “queridinho” de Lula para sucedê-lo, caiu nas graças do PIB e do Congresso Nacional mais facilmente que o baiano e isso tem custado a fritura pública e privada dele. Por isso, é comum vê-lo como um provável alvo da reforma ministerial que Lula deve fazer em janeiro, quando estiver consolidada a substituição de Flávio Dino que migra para o STF.

 

Rui foi para Brasília com foco em se manter viável como uma opção para ser candidato à presidência da República no futuro. No entanto, a batalha pela sucessão de Lula inclui interesses que contrapõe – e tem contraposto – o baiano e o companheiro da Fazenda, Fernando Haddad. E o PT paulista, que dá muitas cartas na cena nacional, dificilmente cederia para alguém não egresso desse grupo. Por isso há essa forçosa tentativa de retirar Rui dos holofotes desde agora e dar um prêmio de consolação que seria considerado relevante – e com orçamento monstruoso – como a Petrobras. Mas apesar da representatividade, a petrolífera brasileira não permite o básico para um político: fazer política.

 

Já admitindo a possibilidade de Lula não resistir às tentativas de mandá-lo para o lugar de Jean Paul Prates, Rui então passou a considerar uma alternativa para se manter politicamente ativo, mesmo que isso o coloque em uma posição de “rebaixamento”, já que seria um ex-governador tentando ser prefeito. A engrenagem é complexa, mas é o que ele avalia. Até mesmo o histórico que o levou a ser governador explica essa preocupação. José Sérgio Gabrielli presidia a então poderosa Petrobras, era o favorito de Lula e foi eliminado rapidamente da disputa para ser o indicado de Jaques Wagner em 2014. Parte disso por conta da invisibilidade política que a estatal provocava. Ou seja, o atual chefe da Casa Civil não quer arriscar ver a história se repetindo, ainda que o cargo em questão agora seja o Palácio do Planalto.

 

A possível chegada de Rui na disputa soteropolitana mudaria drasticamente o rumo das articulações feitas até aqui no grupo governista e do próprio Bruno Reis. Mas daí a isso acontecer, são muitos “ses” a se considerar antes de falar sobre o tema.