O ataque que matou duas pessoas e deixou outras duas feridas em Emissário de Arembepe, na noite de segunda-feira (7), teria sido motivado pela publicação de uma foto com ‘sinais de facção’. No local, barraqueiros contaram que o Comando Vermelho (CV) atua em Arembepe. Ainda de acordo com as informações, os traficantes da facção não estão, especialmente, no Emissário, mas teriam ido até o local após receber imagens onde jovens posaram com o ‘sinal do 3’, que faz referência a facção do Bonde do Maluco (BDM), rival do CV.
As duas vítimas fatais foram identificadas como Daniel Natividade, de 24 anos, e Gustavo Natividade, de 15 anos. Os dois eram músicos do Bloco Malê Debalê, que tem sede no bairro de Itapuã, de onde saiu o passeio que foi até o Emissário de Arembepe. Cláudio Araújo, presidente do bloco, conversou com a reportagem e contou que o grupo está arrasado com a notícia. Ele fez questão de garantir que Daniel e Gustavo não tinham qualquer envolvimento com crime, tendo anos de participação no Malê Debalê.
“Eles nunca se envolveram com nada, posso garantir. Eram meninos solícitos, que começaram no Malêzinho [grupo infantil do bloco] e estavam na banda de transição. Até por isso, essa notícia nos arrebatou de forma desastrosa. Eles são mais dois jovens negros que viraram vítimas desse sistema”, afirmou ele, destacando que os dois eram jovens dedicados à música.
Cláudio falou ainda que, caso os dois tivessem qualquer ligação com o crime, não estariam no projeto do Malê Debalê. “Eu jamais aceitaria que algo assim acontecesse dentro desse bloco. Eram meninos bons, músicos dedicados. Aliás, meu pai, de 70 anos, estava nesse passeio junto com minha mãe e outras pessoas que fomentam a cultura em Itapuã. As pessoas que fizeram isso cometeram um erro grosseiro”, completou o presidente.
A motivação, as circunstâncias e os autores do crime serão investigados pela Polícia Civil. A reportagem do CORREIO já mostrou em matéria anterior que, em Salvador e na Bahia como um todo, existem os sinais do perigo. Esses são gestos feitos com a mão, seja com dois, três ou cinco dedos, usados para fazer referência à organizações criminosas. Em um contexto de guerra entre as facções, diversos casos em que pessoas são mortas – mesmo não sendo criminosas – foram registrados na capital e no estado. Correio