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Prefeito de Salvador reforma imóvel de luxo em nome de empresário alvo da Operação Overclean

(Foto: Valter Pontes / Secom)

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), estaria utilizando e promovendo reformas em um apartamento de alto padrão no condomínio Bay View, na Península de Maraú, sul da Bahia, embora o imóvel esteja oficialmente registrado em nome do empresário Samuca Franco — apontado pela Polícia Federal como operador financeiro da Operação Overclean, que apura desvios milionários em contratos públicos.

A informação foi revelada pelo site Metrópoles, com base em documentos, registros e relatos de testemunhas, incluindo moradores, prestadores de serviço e corretores imobiliários. Segundo a reportagem, Bruno Reis participou ativamente da escolha do imóvel, da negociação de compra e da contratação de serviços de decoração, instalação de ar-condicionado e reformas no local.

O apartamento em questão é um dos dois adquiridos por Samuca Franco no condomínio de luxo Bay View, em Barra Grande, avaliado hoje em cerca de R$ 1,5 milhão. Na época da aquisição, cada unidade custava aproximadamente R$ 900 mil. O empreendimento é conhecido por sua infraestrutura sofisticada e localização privilegiada, voltada para a Baía de Camamu, uma das regiões mais valorizadas do litoral baiano.

A relação entre Bruno Reis e Samuca Franco não se limita ao uso do imóvel. Desde maio de 2022, ambos são sócios na empresa Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda., conforme registros da Junta Comercial da Bahia. Por meio da BB Patrimonial, o prefeito adquiriu 10% das cotas da empresa, pagando R$ 60 mil a Franco, que permaneceu com os outros 90%.

Em eventos públicos, Bruno Reis já expressou a proximidade com o empresário, a quem se referiu como “irmão que a vida deu”. Em um desses encontros, também estavam presentes figuras políticas como ACM Neto, ex-prefeito da capital baiana e padrinho político de Reis, que também possui um imóvel no mesmo condomínio.

A Operação Overclean, deflagrada em abril deste ano, investiga desvios de aproximadamente R$ 1,4 bilhão envolvendo contratos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Segundo a PF, Samuca Franco teria movimentado mais de R$ 500 mil recebidos de empresas suspeitas de serem de fachada.

Outros nomes ligados ao grupo político de Bruno Reis e ACM Neto também foram atingidos pela investigação. O deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA) teve o nome citado e passou a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Já o ex-secretário municipal de Educação de Salvador, Bruno Barral, foi afastado de suas funções na terceira fase da operação.

A reportagem do Metrópoles tentou contato com a defesa de Bruno Reis e com a Polícia Federal. A corporação informou que não comenta investigações em andamento. O espaço segue aberto para manifestações.

Fonte: Metrópoles