Na sessão da Câmara de Vereadores de Santo Antônio de Jesus realizada nesta segunda-feira (21), representantes da Santa Casa de Misericórdia Hospital e Maternidade Luiz Argolo compareceram para prestar esclarecimentos sobre uma denúncia de suposta desassistência médica. A acusação foi feita na semana anterior pelo senhor João Guilherme Bittencourt, que relatou complicações enfrentadas por sua esposa após um parto cesáreo na instituição.
O ginecologista Dr. Marcos Vinícius Ribeiro, membro da equipe médica da Santa Casa, utilizou a tribuna para detalhar o caso. Segundo ele, a paciente deu entrada na unidade no dia 8 de março, optando por uma cesariana conforme previsto em lei para gestantes a partir de 39 semanas. O procedimento ocorreu sem intercorrências iniciais, mas, nos dias seguintes, a paciente apresentou um quadro de íleo paralítico, uma condição que afeta o funcionamento do intestino e é considerada uma complicação pós-operatória comum em cirurgias abdominais.
“Foi respeitado o desejo dela por um parto, foi feita uma cesárea, que a primeiro momento foi sem intercorrência. Ela ficou conosco na enfermaria assistida, esteve com médicos, inclusive com minha presença pessoal, mas ela realmente consta com uma complicação que era uma distensão abdominal por uma entidade clínica chamada íleo paralítico”, explicou.
Dr. Marcos enfatizou que a paciente recebeu atendimento contínuo, incluindo acompanhamento médico diário e transferência para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da própria Santa Casa quando seu estado clínico se agravou. Posteriormente, devido à necessidade de uma intervenção cirúrgica especializada, a paciente foi transferida para o Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus, onde foi diagnosticada com uma laceração de bexiga, outra complicação possível em cesarianas, especialmente em pacientes com histórico de cirurgias anteriores.
“Uma laceração de bexiga é também uma entidade clínica que pode acontecer dentro de um procedimento cirúrgico, ela começa a ter o que chamamos de aderência, a bexiga está mais grudada, e aí está bexiga se rompe e começa a cair xixi dentro da barriga”, detalhou.
A direção da Santa Casa também apresentou dados para contextualizar os índices de mortalidade materna e neonatal na instituição. De acordo com informações divulgadas, entre julho e dezembro de 2024, foram realizadas 2.217 internações obstétricas, resultando em 1.334 nascidos vivos, com 5 óbitos neonatais (0,37%) e 16 óbitos fetais (1,20%). A instituição atribui a maioria dos óbitos fetais à chegada de pacientes sem batimentos cardíacos, muitas vezes decorrente da ausência de acompanhamento pré-natal adequado nos municípios de origem.
A Santa Casa reforçou seu compromisso com a transparência e a qualidade no atendimento, destacando os desafios enfrentados, como a ausência de uma UTI neonatal, e solicitou o apoio da comunidade e das autoridades para fortalecer a rede de atenção básica à saúde na região.
