A maioria dos brasileiros se mostra favorável à volta do horário de verão no Brasil, como vem sendo estudado nos últimos dias pelo governo federal. Foi o que revelou um levantamento feito pelo portal Reclame Aqui e pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e divulgado nesta quarta-feira (18).
Segundo informações da Abrasel, a pesquisa mostrou que 54,9% dos entrevistados são favoráveis à mudança nos relógios ainda neste ano. A pesquisa do portal Reclame Aqui foi feita com três mil pessoas em todo o país.
O total de pessoas 54,9% foi atingido por 41,8% de entrevistados que disseram ser totalmente favoráveis ao retorno do horário de verão, somados a 13,1% que revelaram ser parcialmente favoráveis. Outros 25,8% se mostraram totalmente contrários à implementação do horário, enquanto 17% veem com indiferença a mudança e 2,2% afirmarem serem parcialmente contrários.
A medida da volta do horário de verão voltou ao debate em meio à seca recorde que assola o país e à proximidade dos meses mais quentes do ano. A seca diminui o nível dos reservatórios das hidrelétricas, maior fonte da energia elétrica no país. Já o calor aumenta o uso de eletrodomésticos como o ar-condicionado e, em consequência, eleva o consumo de energia.
O horário de verão, que fazia com que os relógios fossem adiantados em uma hora, era adotado anualmente em partes do Brasil para que houvesse um melhor aproveitamento da luz natural do dia, e com isso reduzindo o consumo de energia. Em 2019, entretanto, alegando que era pouco significativa a redução do consumo, o então presidente Jair Bolsonaro extinguiu o horário diferenciado.
Em declarações recentes, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a volta do horário de verão. O ministro afirma que a adoção da medida tem dois objetivos centrais: garantir a segurança energética no país e a modicidade tarifária, ou seja, que a conta de luz tenha um preço mais justo.
De acordo com a pesquisa do portal Reclame Aqui, os maiores índices de apoio à medida foram observados nas regiões onde o horário de verão era adotado até 2019: Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Sudeste, 56,1% são a favor da mudança, sendo 43,1% favoráveis e 13% parcialmente favoráveis.
No Sul, 60,6% são favoráveis, 52,3% totalmente favoráveis e 8,3% parcialmente favoráveis; e, no Centro-Oeste, 40,9% aprovariam a mudança, com 29,1% se dizendo totalmente favoráveis e 11,8% parcialmente a favor. Nas três regiões somadas, 55,74% são favoráveis ao adiantamento dos relógios em uma hora.
Para 43,6% dos entrevistados pela pesquisa, a mudança no horário ajuda a economizar energia elétrica e outros recursos. Para 39,9%, a medida não traz economia e 16,4% disseram que não sabem ou não têm certeza.
Edu Neves, CEO e cofundador do portal Reclame AQUI, afirmou, ao divulgar o levantamento, que a percepção da população em relação ao horário de verão pode estar sendo mais positiva do que negativa por uma possível mudança de comportamento.
“É perceptível que não há alta preocupação da população com a questão de saúde nem a adequação a um novo ritmo de horário para acordar e dormir, muito compensado pelo nível de satisfação de ter mais luz, um dia claro, mais longo para praticar esportes e socializar, por exemplo. Emocionalmente, o consumidor tem dado mais valor a esse tempo de qualidade do que talvez no passado”, diz Neves.
Sobre uma possível economia de energia com a adoção do horário de verão, Edu Neves disse acreditar que a pesquisa mostrou que essa questão é vista de forma relativa pelos entrevistados. Apesar de considerarem que há uma certa economia, não parece ser esse o foco primário principalmente de quem se diz favorável a que os relógios sejam adiantados.
Para 43,6% dos consultados, o horário de verão ajuda a economizar energia elétrica e outros recursos. Para 39,9%, a mudança não traz economia, e 16,4% disseram que não sabem ou não têm certeza. A região Sul também é a que tem a maior parte da população com a percepção de que o adiantamento dos relógios ajuda a economizar recursos, com 47,7%.
Quanto aos benefícios para a economia, a maioria dos entrevistados entende que a mudança traz vantagens: 51,7% apontaram que o horário de verão é benéfico para o comércio e serviços, como lojas, bares e restaurantes. Outros 32,7% não veem vantagem no quesito e 15,4% não sabem/não têm certeza.
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre um eventual retorno do horário de verão deve ser tomada nos próximos dias. Até se extinto, o horário de verão começava em meados de outubro, e durava pelo menos cinco meses com os relógios funcionando com o alterado, permitindo que os dias fossem mais longos. O método era usado durante parte do período da primavera e grande parte do verão.