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Elmar diz que “perdeu um amigo”, se referindo a Lira, e só vai anunciar oficialmente a desistência após conversa com Motta

Foto: Reprodução Redes Sociais

“Perdi meu melhor amigo”. Com essa frase, o deputado Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, resumiu seus sentimentos ao chegar em reunião da bancada do seu partido na manhã desta quinta-feira (31). Na reunião, Elmar conversou sobre a sua provável desistência e a legenda decidiu que antes de bater o martelo, vai se reunir com o candidato Hugo Motta (Republicanos-PB) para negociar o apoio formal do União a ele. 

 

“A única coisa desse processo é que já comecei perdendo. Perdi um amigo que eu considerava que era o meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira. A gente era amigo de se falar todo dia, várias vezes por dia”, disse Elmar ao chegar na reunião da bancada que ele lidera. 

 

Ao sair do encontro nesta quinta, Elmar disse à imprensa que pediu aos dirigentes e colegas do partido que esperem até a próxima semana para ele oficializar a sua desistência e anunciar apoio a Hugo Motta. O deputado afirmou que sua candidatura não pertence só a ele e ressaltou que não teve tempo ainda de se reunir com os partidos que tinham declarado apoio a ele, para poder comunicar que deixará de ser candidato.

 

“Não tenho resistência em desistir ou continuar. Minha candidatura é nossa, do meu partido e dos que me apoiaram. Significa um voto de confiança da bancada de ter mais uma reunião, de tomar uma decisão em nome da bancada”, argumentou.

 

Até o dia 30 de agosto, Elmar Nascimento contava com o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que inclusive havia dito que iria anunciar até o final do mês de agosto o seu embarque oficial na candidatura do deputado baiano. Entretanto, um movimento feito pelo deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), de desistir de ser candidato e lançar o nome do seu companheiro de partido, Hugo Motta (PB), mudou toda a composição de forças que vinha se estabelecendo durante todo o ano. 

 

Essa composição tinha mostrado sua força no mês de julho, quando o deputado Elmar Nascimento promoveu uma movimentada festa de aniversário em Brasília. Mais de 300 parlamentares compareceram ao evento, inclusive o presidente Arthur Lira, que permaneceu na festa até a madrugada, e naquele momento todos falavam que o deputado baiano seria o favorito a suceder o atual presidente a partir de 2025.

 

No final de agosto, entretanto, Lira recuou do apoio a Elmar, passou a fortalecer nos bastidores a candidatura de Hugo Motta, e essa mudança de rumo enfureceu o líder do União Brasil. Aliados do deputado baiano disseram à imprensa que Elmar se considerou traído por Lira, e vinha prometendo, nas últimas semanas, não desistir para tentar derrotar o candidato Hugo Motta, além de ter feito um acordo com Antonio Brito (PSD-BA) de ambos seguirem na disputa, e se unirem mais à frente em um segundo turno. 

 

A forte movimentação de Hugo Motta nesta semana, entretanto, dificultou os planos de Elmar Nascimento. Em apenas dois dias, Motta recebeu o apoio oficial do presidente da Câmara, e conseguiu fechar acordos com as bancadas do PP, do PL, do PT e do MDB. 

 

Na chegada ao encontro nesta quinta, Elmar foi perguntado por jornalistas se veria Arthur Lira como inimigo, mas ele negou. “Não tenho inimigos na vida”, afirmou. 

 

Elmar também negou que esteja negociando com o Palácio do Planalto o comando de algum ministério. Rumores nos bastidores da Câmara indicavam que ele poderia ser contemplado com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, atualmente ocupado por Waldez Góes, aliado do senador Davi Alcolumbre (União-AP).

 

“Estou tratando da sucessão da Câmara. O ministério é do presidente Lula”, finalizou o deputado baiano. 

 

A negociação do apoio do União Brasil a Hugo Motta continuará na semana que vem. Na próxima terça (5), a bancada deve se reunir com Motta, e as articulações serão lideradas por Elmar, pelo presidente do União, Antonio de Rueda, e pelo secretário-geral da sigla, ACM Neto.