Um levantamento feito pelo Jornal Correio revelou que 23 cidades da Bahia têm mais eleitores do que habitantes. Entre os municípios com excedentes de eleitores estão Muniz Ferreira e Elísio Medrado.
O estudo cruzou os dados do Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com os dados de eleitores de dezembro de 2022 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em 2010, apenas uma cidade da Bahia tinha mais eleitores do que habitantes: Catolândia, no oeste do estado. Em 12 anos, o número de municípios com essa discrepância aumentou para 23.
O cientista político Claudio André, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), acredita que esse fenômeno é resultado de fluxos migratórios. “Muitas dessas cidades têm um histórico de pessoas que vão morar em outros lugares, mas mantêm o domicílio eleitoral no município de origem. Isso é comum também em cidades próximas a grandes centros urbanos”, explica.
O professor e analista judiciário do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), Jaime Barreiros, concorda com essa hipótese. “Além disso, é preciso considerar o crescimento das zonas urbanas e a mobilidade dos cidadãos, que podem trabalhar em lugares diferentes de onde moram”, afirma.
De fato, algumas cidades da lista se destacam pela proximidade com grandes municípios. Catolândia, por exemplo, fica a 42 km de Barreiras. Barro Preto, no sul da Bahia, está a 30 km de Itabuna. E Antônio Cardoso, no centro-norte do estado, está a 32 km de Feira de Santana.
Os grandes municípios, por outro lado, são os que têm mais habitantes do que eleitores. Salvador, por exemplo, tem cerca de 2,4 milhões de habitantes, mas apenas 2 milhões de eleitores. A diferença é de 400 mil pessoas, a maior entre as cidades da Bahia. Feira de Santana, Vitória da Conquista, Camaçari e Juazeiro, que juntas com a capital baiana formam os cinco maiores municípios do estado, também têm mais habitantes do que eleitores.